Ondas de calor, rubor facial, suores, palpitações e vertigens. Estes são alguns dos sintomas vivenciados por mulheres no período da menopausa. O Dia Mundial da Menopausa, celebrado nesta terça-feira (18), promove a conscientização sobre a saúde feminina, além de incentivar o acompanhamento médico e a busca por qualidade de vida.

Cientificamente, a menopausa é uma fase da vida da mulher em que ocorre a interrupção natural da menstruação, já que os hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona, não são mais produzidos pelos ovários. Essa fase costuma ocorrer, em média, entre 48 e 51 anos de idade.

A menopausa marca um período de transição da vida reprodutiva da mulher, com uma longa duração, que pode ser de 20 a 25 anos, dependendo da data da última menstruação. Nessa fase, ginecologistas podem auxiliar na prevenção de doenças como câncer de mama e a osteoporose, por exemplo.

Sintomas da menopausa

O fim da menstruação está associado a uma diminuição na produção dos hormônios sexuais femininos. As mudanças no organismo podem ser sentidas a curto, médio e longo prazos. Especialistas explicam que alguns sintomas relevantes aparecem no período da transição para a menopausa e na pós-menopausa em geral.

Em um primeiro momento, a chegada da menopausa pode provocar calor, alteração no humor, tontura, dor de cabeça e baixa libido, de acordo com a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

A médio prazo, além da diminuição do desejo sexual, pode ocorrer também atrofia urogenital, que consiste no afinamento e o ressecamento dos tecidos que revestem a vagina, causando dor durante o sexo, segundo a Sogesp.

“A mulher pode ter nesse período a instabilidade vasomotora, que são as ondas de calor ou fogachos, e alteração menstrual –os ciclos começam a ficar irregulares”, afirma o médico ginecologista Edmund Baracat, professor da Universidade de São Paulo (USP).

“São acometimentos súbitos de calor em geral, pega a parte superior do tórax, pescoço e rosto. A onda de calor vem, dura poucos minutos, mas a impressão é de que dura muito mais, pelo incômodo desse sintoma. Em geral tem uma aceleração cardíaca acompanhada de sudorese. Esses sintomas acontecem em geral durante a noite, prejudicando o sono da mulher”, completa o médico César Eduardo Fernandes, professor de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC.

Redução do desconforto

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) afirma que o acompanhamento ginecológico é fundamental para reduzir os impactos da menopausa.

Além disso, a Febrasgo recomenda algumas ações para minimizar o desconforto para a mulher neste período:

O médico Rogério Bonassi Machado, presidente da Associação Brasileira de Climatério, afirma que os cuidados no período da menopausa visam ir além do alívio dos sintomas, considerando a saúde feminina como um todo.

“Quando nós falamos em tratar um climatério, tratar a menopausa, nós estamos falando de uma atenção geral à saúde feminina. Primeiro rastreando doenças crônicas, vendo as mulheres que mais estão se prejudicando naquele momento, promovendo medidas de estilo de vida. Estimular o exercício físico, dieta adequada, cessação do tabagismo tudo isso faz parte é uma ação global”, diz Machado.

O especialista explica que a terapia hormonal envolve a administração do hormônio que está em falta para a mulher naquele momento que é o estrogênio. O assunto foi amplamente discutido no programa CNN Sinais Vitais, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil (veja a íntegra abaixo).

“Sabemos que esse tratamento é eficaz contra as ondas de calor, melhora atrofia urogenital e previne osteoporoses. Esse é o tripé do tratamento hormonal da menopausa. Nem todas as mulheres vão precisar fazer uso da terapia hormonal. Tudo isso é feito uma a uma, não existe uma receita universal para todas as mulheres. Aliás isso é o mais importante: que cada mulher tem um tratamento para ela que seja o mais adequado”, pontua.

O médico César Eduardo Fernandes afirma que a terapia hormonal ainda é cercada de mitos, o que pode prejudicar a adesão das mulheres ao tratamento. “A primeira questão, a mais relevante que as mulheres temem muito é de ganhar peso. E a segunda é com relação a risco de câncer”, diz.

Segundo o especialista, depois da menopausa, as mulheres têm uma atenuação do chamado metabolismo basal. “Admite-se que o metabolismo basal caia mais ou menos 2% por década. Então, é importante orientar as mulheres de que elas precisam nesta etapa da vida menos aporte calórico e mais gasto energético”, explica.

Em relação ao câncer de mama, Fernandes afirma que o tratamento hormonal já foi considerado uma preocupação em relação à doença, mas que as evidências científicas apontam que os riscos são os mesmos para quem não faz terapia hormonal.

“Hoje em dia, também sabemos que se elas tomarem o hormônio em até cinco anos, não aumenta o risco de câncer de mama. O risco de câncer de mama numa usuária de terapêutica hormonal nos primeiros cinco anos comparado com quem não faz de hormônio é o mesmo”, afirma.

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