Tem um tipo de amor que transborda tanto… que quase apaga quem sente.

Ser mãe é esse tipo de amor.
Forte. Quente. Devoto.

Mas também é um papel que, se não for cuidado com atenção, engole os outros todos.

A mulher. A amiga. A sonhadora.

Nos dois primeiros anos de um bebê, tudo vira do avesso.

O corpo muda, o tempo se esfarela, a rotina se dissolve.
O que antes era simples agora exige força dobrada.
E a mulher, ali no meio, tenta se lembrar de si entre uma mamada e um choro.

Esse tempo pede entrega.
Pede corpo, alma, paciência e fé.
MAS NÃO DURA PRA SEMPRE.

Com o tempo, as peças ganham forma.
A casa encontra ritmo.
O bebê cresce.

E é aí que um NOVO CHAMADO aparece:
a mulher que ficou quieta começa a pedir espaço de novo.

Não é ego. É instinto.
Porque os filhos não precisam só de cuidado.
Precisam de espelho, inspiração.

E a melhor inspiração não é uma mãe perfeita.
É uma mulher inteira.
Com sonhos, com planos, com erros e com verdade.

Quem cuida de tudo também precisa se incluir na lista.
A mãe não pode sumir dentro da maternidade.

Porque um dia os filhos saem de casa.
E o que fica?

FICA A MULHER.

ou…

O vazio de ter esquecido dela por tempo demais.

Essa volta pra si não é traição ao papel de mãe.
É parte dele.

É ensinar, com o corpo e com a vida, que ser mulher é também uma força.
Que viver é mais do que servir.
É mostrar, sem falar, que quem ama também cuida de si.

Não é uma competição entre papéis.
É uma ordem.
Primeiro o ser. Depois o fazer.
Primeiro a raiz. Depois o fruto.

Tem dias em que ser mãe ocupa tudo.
Mas que isso seja por um tempo, e não pra sempre.
A maternidade não foi feita pra calar a mulher.
Foi feita pra ampliar.

A mulher que se reencontra não abandona os filhos.
Ela ensina.
Ensina coragem.
Ensina limites.
Ensina o valor de não desistir de si.

E talvez esse seja o maior presente que uma mãe pode dar:
mostrar, com o exemplo, como se vive — de verdade.