Você sabe o que é transtorno de personalidade Borderline? Esse conceito ainda pode ser desconhecido, mas talvez esteja presente na sua vida. Afinal, muitas pessoas não têm o diagnóstico, mas apresentam os sintomas.

Tanto é que estudos indicam que entre 1% e 2% da população em geral apresenta esse transtorno mental. Desse total, 70% são mulheres. Além disso, a doença impacta 10% de pacientes psiquiátricos e 20% das pessoas internadas em hospitais.

Porém, o que caracteriza esse problema? Como identificá-lo e de que forma o tratar? A seguir, explicaremos melhor o que é o transtorno de personalidade Borderline e outros detalhes. Continue lendo e saiba mais.

O que é transtorno de personalidade Borderline?

É uma síndrome mental grave, condição que faz o indivíduo viver em situação limítrofe, como a tradução do seu nome define. Com isso, há mudanças de atitudes repentinas e alterações de humor, levando aos extremos e à impulsividade.

A pessoa com esse transtorno tem dificuldade nas relações sociais e um lado emocional inconstante. Muitas vezes, esse distúrbio é gerado por algum trauma ocorrido na infância. Por exemplo:

  • relação difícil entre pai/mãe e filhos — ou inexistente;
  • abuso sexual;
  • negligência;
  • trauma emocional de outros tipos;
  • chantagem emocional;
  • bullying físico.

Qualquer situação que leve a pessoa a desenvolver um comportamento excessivamente defensivo pode gerar Borderline no futuro. Isso aumenta a chance de serem adotadas atitudes autodestrutivas. Inclusive, a taxa de suicídio entre pessoas com essa síndrome chega a 10%, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Quais são as características do transtorno de personalidade Borderline?

Existem algumas características bastante comuns nos pacientes com esse transtorno de personalidade. Entre elas, estão:

  • insegurança em relação a si mesmo e aos outros;
  • solidão e sensação de vazio;
  • mudanças significativas de humor, que duram dias ou horas;
  • flutuação entre ansiedade, depressão e raiva;
  • irritabilidade, inclusive com comportamentos agressivos;
  • impulsividade, que pode levar a comportamentos desregrados, como dependência química, padrão alimentar exagerado, gasto de dinheiro descontrolado;
  • pensamentos e ameaças suicidas;
  • medo irreal ou excessivo de abandono por parceiros, familiares e amigos;
  • tendência a relações instáveis e ao distanciamento;
  • dificuldade em aceitar críticas;
  • comportamentos irracionais em casos de muito estresse;
  • receio de que as emoções fujam do controle;
  • dependência de outras pessoas para ter estabilidade.

Quais são os sintomas desse transtorno?

A pessoa que vive com transtorno de personalidade Borderline tem alterações no cérebro. Basicamente, as modificações são as seguintes:

  • amígdala menor ou atrofiada: essa parte é responsável por regular o medo e a agressão. No entanto, ela é hiperativa nesses pacientes. Portanto, quando a pessoa sente uma emoção, o sentimento é mais intenso do que o vivenciado pela população em geral. Ela também demora mais tempo para se acalmar;
  • hipocampo em estado de hiperexcitação contínua: essa estrutura está relacionado às memórias de curto e longo prazos, à orientação espacial e às reações emocionais. No indivíduo com Borderline, ele é descoordenado e disfuncional, interpretando mal as possíveis ameaças. Assim, tudo parece perigoso, o que leva a reações exageradas;
  • cortisol em excesso na corrente sanguínea: o hormônio do estresse é produzido pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Essas três glândulas interagem entre si de forma desequilibrada e geram um nível maior de produção de cortisol. O resultado é dificuldade com resiliência e habilidades de enfrentamento, além de um corpo sobrecarregado;
  • córtex pré-frontal inativo e/ou ineficiente: isso faz com que os pacientes sejam envolvidos por emoções até perderem o controle.

Diante dessas modificações cerebrais, vários sintomas aparecem. A seguir, listamos os principais.

Medo de abandono

O paciente com Borderline tem um receio constante de ser deixado sozinho, de não ser atendido ou ser abandonado. Essa característica está presente até nos estágios iniciais da síndrome. No entanto, em casos mais graves, pode levar ao isolamento voluntário, acabando com as relações devido a esse medo.

Raiva intermitente

O passado traumático da pessoa faz com que ela interprete as ações e as reações dos outros como um sinal de rejeição ou negligência. Portanto, a raiva surge de maneira repentina e sem motivo aparente. De toda forma, ela alimenta o medo e gera uma expressão de intensidade desproporcional.

Hábitos ruins

As pessoas com esse transtorno tendem a ter dependências comuns, como em drogas ou álcool, relações extraconjugais, jogos etc. Essas ações têm o objetivo de suprir o sentimento de tristeza e o vazio emocional existente.

Interior vazio

A maioria dos pacientes com Borderline relata ter um sentimento de vazio intenso. Em alguns casos, chega a uma intensidade tão alta que exige outra pessoa para que esse “buraco emocional” seja preenchido. Ou seja, a dependência afetiva se torna maior e causa mais sofrimento.

Como é a crise de um Borderline?

Normalmente, a crise se manifesta durante períodos de conflito emocional difícil. Por exemplo, separações, mortes, brigas, abuso sexual etc. Isso costuma ocorrer na infância, com o auge sendo na adolescência e na juventude. Na idade adulta as crises tendem a diminuir.

Nas crises, a pessoa tem um comportamento imprevisível. Ela pode adotar ações autodestrutivas e até tentar o suicídio. Também há episódios de depressão grave e psicose de curta duração, apenas alguns minutos ou horas.

Como é a pessoa com Borderline?

O indivíduo com essa síndrome sofre alterações rápidas de humor e tem um comportamento e estado mental flutuantes. Ou seja, os aspectos negativos surgem com frequência, como a depreciação à autoimagem, autossabotagem e agressividade.

É comum que a pessoa apresente sensação de inutilidade, instabilidade emocional, impulsividade e insegurança. Além disso, suas relações sociais são prejudicadas.

Como fazer o tratamento para o transtorno de personalidade Borderline?

O tratamento depende de um diagnóstico preciso, que deve ser feito pela análise de um psiquiatra. Então, segue o acompanhamento com esse profissional e um psicólogo. Assim, é adotado um processo de psicoterapia que ajuda a ressignificar as experiências vividas e que foram traumáticas.

Isso permite controlar os impulsos, entender melhor os comportamentos e sofrer menos com as situações rotineiras. Portanto, o foco são a terapia e as orientações psicológicas. Contudo, também podem ser prescritos alguns remédios, dependendo do caso.

O tratamento precisa ser individualizado. Isso porque esse transtorno não tem cura, mas pode ser controlado. Nesse sentido, o profissional da saúde pode utilizar diferentes tipos de remédios. Tudo varia de acordo com cada uma das crises.

Os medicamentos mais utilizados são os estabilizadores de humor, os antidepressivos, os antipsicóticos e os ansiolíticos. Sem contar que a psicoterapia é fundamental.

Quando a internação é indicada?

A internação psiquiátrica é recomendada quando há risco de vida. Por isso, a indicação costuma existir para proteger o paciente da automutilação e dos pensamentos ou comportamentos suicidas.

De toda forma, essa alternativa deve ser bem pensada. A diretriz para o tratamento dessas pessoas indica que a medida seja adotada somente em circunstâncias específicas. Por exemplo, abuso de substâncias ou tendência a suicídio grave e persistente.

Agora, você já sabe o que é transtorno de personalidade Borderline e pode procurar ajuda para si mesmo ou para alguém que conheça. O mais importante é entender que as ações não são propositais, mas sim resultado de um trauma que afetou todo o funcionamento do cérebro.

Achou interessante saber mais sobre essa síndrome? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais e apresente as características do Borderline para outras pessoas saberem identificá-las.

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