Uma a cada 44 crianças de 8 anos de idade vive com transtorno do espectro autista (TEA) nos Estados Unidos, de acordo com o levantamento mais recente dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país, de 2018.
O índice representa um aumento em comparação com os anos anteriores, que indicavam 1 caso para cada 68 crianças.
O CNN Sinais Vitais desta semana apresenta as diferentes nuances da vivência com o transtorno do espectro autista. O programa, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil, vai ao ar neste domingo (12), às 19h30, reforçando o conteúdo diversificado com a marca CNN Soft.
No Brasil, não há um estudo conclusivo sobre a prevalência na população. No entanto, especialistas apontam para um aumento na identificação dos casos no país.
“Isso é resultado da desestigmatização do TEA e da melhoria dos diagnósticos que estão sendo feitos cada vez mais cedo”, explica a psiquiatra Helena Brentani, fundadora do ambulatório Protea, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (veja entrevista no vídeo acima).
O transtorno do espectro autista é um distúrbio caracterizado pelo desenvolvimento atípico, déficits na comunicação e na interação social, além de padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. A pessoa também pode apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Segundo os especialistas, as manifestações do espectro são diversas. Enquanto parte das pessoas vive de forma independente, outros indivíduos podem apresentar quadros mais severos que precisam de atenção e apoio permanente ao longo da vida.
Apoio da tecnologia
Uma das ferramentas tecnológicas adotadas nos últimos anos pelos profissionais do ambulatório Protea para auxiliar no diagnóstico é o chamado eye-tracking, uma técnica computadorizada de rastreamento pelo olhar.
“O equipamento vai captar para onde a criança está olhando, qual é a preferência dela. Uma criança neurotípica, já muito pequenininha, tem uma preferência por cenas biológicas, humanas e de interação enquanto as crianças com TEA, por exemplo, têm uma preferência para quadros geométricos, fractais e movimentos claros e repetitivos”, explica Helena.
Segundo a psiquiatra Daniela Bordini, coordenadora do ambulatório de autismo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a apresentação clínica do TEA é diversa.
“Cada indivíduo tem suas peculiaridades, tanto de dificuldades como de potencialidades e as alterações do neurodesenvolvimento se dão muito precocemente”, explica. “Hoje especialistas na área conseguem identificar quadros mais clássicos por volta de um ano a um ano e meio, com sinais e sintomas suficientes para dar um diagnóstico”, completa.
Qualidade de vida
O episódio mostra como as intervenções psicossociais baseadas em evidências, como terapia comportamental e métodos complementares oferecidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), de Bauru, contribuem para reduzir as dificuldades de comunicação.
Os métodos trazem benefícios para o comportamento social e têm um impacto significativo no bem-estar e qualidade de vida das pessoas com TEA.
“É muito importante que a gente garanta que essa criança, já nos primeiros meses e anos de vida, tenha um acompanhamento multidisciplinar”, diz Cristiane Silvestre de Paula, professora do programa de pós-graduação em Distúrbio do Desenvolvimento da Universidade Mackenzie.
“O tratamento medicamentoso é para tratar as comorbidades, como ansiedade, depressão, irritabilidade e não o autismo especificamente”, completa.
O programa também aborda a importância da integração dos serviços de saúde com a educação básica. Os especialistas apontam que a escola é o principal meio de desenvolvimento de uma pessoa no espectro do autismo.
A equipe da CNN mostra resultados de um projeto que uniu especialistas da saúde da Universidade Mackenzie para a capacitação de professores de uma rede de ensino em São Paulo.
“Nós temos inúmeras pesquisas realizadas em unidades escolares de sistemas municipais de ensino, um deles, que começou em 2017, vigente até hoje, em uma parceria que o Mackenzie manteve com a Prefeitura Municipal de Embu das Artes”, conta o geneticista Decio Brunoni, professor do programa de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Mackenzie.
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