O vitiligo tem como principal característica as manchas que se espalham pela pele devido à despigmentação provocada pela ausência ou diminuição da melanina.

A doença não oferece limitações físicas ou cognitivas e não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. No entanto, os impactos para a autoestima de quem apresenta o vitiligo podem ser nocivos para a saúde mental.

O Dia Mundial do Vitiligo, 25 de junho, promove a conscientização sobre o tema com o objetivo de reduzir o estigma associado à vivência com a doença. O entendimento errôneo de que o vitiligo é contagioso contribui para o preconceito e a discriminação dos pacientes.

O que é o vitiligo

O vitiligo é uma manifestação não contagiosa, autoimune e que pode ser causada por diversos fatores. Embora as causas não sejam totalmente esclarecidas pela comunidade científica, o surgimento pode estar relacionado a uma predisposição genética.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, fatores externos podem contribuir para o aparecimento ou agravamento das manchas que decorrem da perda gradativa da pigmentação devido à formação de linfócitos T que destroem os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina no organismo.

A dermatologista Renata Janones, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), afirma que o desenvolvimento da doença também pode ser influenciado por fatores genéticos e impactos emocionais.

“Existe uma predisposição genética: cerca de 30 a 40% dos indivíduos com diagnóstico de vitiligo conseguem identificar um histórico familiar. Como qualquer doença autoimune, não sabemos exatamente o fator que a desencadeia. Pode ser uma infecção ou estresse emocional, como a perda de um parente ou mudança de cidade”, explica.

O vitiligo afeta homens e mulheres de qualquer etnia e de todas as idades.

“Os sinais costumam aparecer, em média, aos 24 anos. Dados de prevalência podem se diferenciar de um país para outro. Nos países anglo-saxões, em média, 1% desenvolvem a doença, já no Brasil, 0,5% da população manifesta a condição, enquanto na China esse percentual chega a 0,1% e na Índia a 5%”, afirma o dermatologista Caio Castro, especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O vitiligo pode se apresentar em pelo menos seis formas clínicas:

  1. Focal: manchas pequenas em uma área específica do corpo;
  2. Mucosal: manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital;
  3. Segmentar: manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo;
  4. Crofacial: manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais;
  5. Comum: manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais;
  6. Universal: manchas espalhadas por quase todas as regiões do corpo.

Como é feito o diagnóstico

Em geral, os pacientes com vitiligo apresentam como sintoma apenas as manchas brancas na pele. Em alguns casos, pode haver sensibilidade e dor na área das lesões. O diagnóstico deve ser realizado por dermatologistas durante a consulta clínica.

“O diagnóstico clínico é feito, a princípio, a olho nu, apenas com o auxílio de uma lâmpada especial. Quando há dúvidas, é realizada biópsia das lesões, já que as manchas do vitiligo podem se confundir com as de outras doenças de pele, como a micose fungoide hipocromiante ou lúpus discoide”, diz Castro.

A médica Renata Janones afirma que as manchas não apresentam sinais como irritação ou coceira. Além disso, a doença não provoca outros sintomas, como adoecimento ou perda de função.

“Os lugares mais comuns são ao redor dos olhos, nas pálpebras, perto da boca e nos genitais. As manchas também podem aparecer nas extremidades, nas mãos e nos pés, embora possam acontecer em qualquer lugar”, explica Renata.

Cuidados básicos e tratamento do vitiligo

O vitiligo não tem cura, mas tem controle. Abordagens terapêuticas podem ser utilizadas a partir da avaliação do perfil do paciente pelo médico dermatologista.

Entre as terapias disponíveis para o controle da doença estão o uso de medicamentos que induzem a repigmentação da pele afetada, cremes à base de corticoides e outros anti-inflamatórios, tecnologias como laser e fototerapia, além de cirurgia e transplante de melanócitos.

“Com a ajuda médica, fazendo uso de medicamento e terapias reconhecidos cientificamente, alguns pacientes podem repigmentar a áreas afetadas ou mesmo despigmentar o corpo por inteiro”, afirma Castro.

Além do tratamento, os pacientes devem seguir uma rotina de cuidados que envolve principalmente a prevenção à exposição das áreas afetadas ao sol.

As orientações incluem o uso de protetor solar (com fator de proteção acima de 50), além de roupas e acessórios como chapéus e bonés que protejam a pele.

“Os pacientes dessa condição têm uma maior tendência de envelhecimento na pele, em especial nas áreas despigmentadas, além de maior propensão a sentir os efeitos de ‘queimaduras’ no local por conta de exposição excessiva ao sol”, diz Castro.

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