A Federação Internacional do Diabetes alerta para o aumento global contínuo na prevalência da doença, um desafio global significativo para a saúde e bem-estar de indivíduos famílias e comunidades.

O Dia Nacional do Diabetes, 26 de junho, promove a conscientização sobre fatores de risco, diagnóstico e prevenção contra a doença.

Dados da 10ª edição do Atlas Diabetes, realizado pela federação, indicam que 537 milhões de adultos (20 a 79 anos) vivem com diabetes –  o que representa uma em cada 10 pessoas. Estimativas apontam que esse número aumente para 643 milhões em 2030 e 784 milhões em 2045.

Segundo o levantamento, 4 entre 5 (81%) adultos com diabetes vivem em países de baixa e de média rendas. Em 2021, o diabetes foi responsável por 6,7 milhões de mortes: 1 a cada 5 segundos.

A carga da doença causou pelo menos US$ 966 bilhões em gastos com saúde: um aumento de 316% nos últimos 15 anos.

Ao menos 541 milhões de adultos têm tolerância à glicose diminuída, o que os coloca em alto risco de diabetes tipo 2.

Sobre o diabetes

A doença é causada por uma insuficiência na produção de insulina pelo pâncreas ou pela dificuldade de uso da insulina produzida pelo corpo.

“Nós temos um órgão dentro da cavidade abdominal chamado pâncreas, que tem a função de produzir um hormônio chamado insulina. Nas células, a insulina influencia a entrada da glicose. Então, você come, ingere os nutrientes que são absorvidos no aparelho digestivo, e na corrente sanguínea você tem a glicose, que entra dentro das diversas células do corpo através do trabalho desse hormônio”, explica o neurocirurgião Fernando Gomes, apresentador do Correspondente Médico da CNN (veja o vídeo abaixo).

O aumento da glicose no sangue pode causar danos aos olhos, rins e nervos, além de aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e os derrames vasculares.

“O diabetes não tratado a longo prazo pode causar malefícios para o corpo, como problemas na retina, problemas relacionados ao coração e ao cérebro. Em longo prazo, até amputações podem acontecer”, disse.

Um dos valores de referência que indica o desenvolvimento da doença é o resultado do teste de hemoglobina glicada, capaz de medir os níveis de açúcares no sangue também chamado de índice glicêmico.

“A taxa normal de hemoglobina glicada é de até 5,7% da hemoglobina total, a molécula que carrega oxigênio no sangue. Valores entre 5,7% e 6,5% o indivíduo é considerado com pré-diabetes. Acima de 6,5% é considerado um quadro de diabetes”, explica Domingos Malerbi, presidente do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Diferentes tipos de diabetes

O diabetes é classificado em diferentes tipos (1 e 2), de acordo com a forma de apresentação da doença.

O mais comum é o tipo 2, que compreende cerca de 90 a 95% dos casos. A doença é caracterizada pela má absorção da insulina produzida pelo pâncreas, o que leva a uma dificuldade para manter o açúcar no sangue em níveis normais.

O desenvolvimento da diabetes tipo 1 está relacionado à destruição permanente da maior parte das células do pâncreas que produzem a insulina pelo próprio sistema imunológico do paciente. Quando isso acontece, o órgão passa a produzir pouca ou nenhuma insulina. Em geral, o tipo 1 atinge crianças, adolescentes e jovens adultos.

Como prevenir o diabetes

Assim como no caso da hipertensão, fatores comportamentais têm importante papel no surgimento do diabetes. O neurocirurgião Fernando Gomes alerta que a adoção de hábitos saudáveis pode ajudar a prevenir a doença.

Comer diariamente verduras e legumes, reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras, parar de fumar, manter o peso controlado e praticar exercícios físicos regularmente são as formas mais eficazes de se combater a doença.

“Manter alimentação saudável e equilibrada, seguir o tratamento orientado pelo especialista e a prática diária de atividade física são as principais formas para prevenir a evolução do diabetes e todas as consequências que a doença pode trazer”, explica Bruno Helman, Fundador e CEO do Instituto Correndo Pelo Diabetes, que foi diagnosticado com a doença aos 18 anos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a prevenção de complicações inclui a educação sobre o assunto tanto de pacientes como de seus cuidadores e até mesmo de equipes médicas, além de exames anuais para identificar indivíduos em risco de ulceração, cuidados com os pés e uso de calçados apropriados.

As medidas de prevenção também contam com o tratamento efetivo e imediato quando houver qualquer complicação nos pés e com a estruturação dos serviços de saúde, com o objetivo de atender às necessidades do paciente com relação a um cuidado crônico.

Complicações

Entre as inúmeras complicações que podem ser desencadeadas pela falta de controle do diabetes está a úlcera de pés diabéticos (UPD) que, em 85% dos casos, precede a amputação. Um milhão de indivíduos com diabetes mellitus sofre uma amputação em todo mundo.

A médica endocrinologista Denise Franco, do Instituto Correndo Pelo Diabetes (CPD), organização sem fins lucrativos, explica que o pé diabético progride de forma silenciosa e, em alguns casos, o paciente sente formigamento.

“No exame físico é possível perceber pele seca, rachaduras, unha encravada, com micose, calos, machucados, ausência de pelos, entre outros. É a causa mais comum de internações prolongadas e com custos elevados. Grande proporção dos leitos hospitalares em emergências e enfermarias, nos países em desenvolvimento, é ocupada por pacientes com úlcera de pés diabéticos”, afirma a especialista.

O diabetes, quando não tratado, pode reduzir a sensibilidade à dor e temperatura nas extremidades do corpo, por causa da hiperglicemia, que impede uma boa circulação sanguínea. Sem a oxigenação correta dos vasos naquela região, a resposta inflamatória fica comprometida, sendo assim, uma simples topada ou um calo de um sapato apertado não se regeneram e a ferida aumenta cada vez mais.

Estima-se que 40% dos pacientes com histórico de úlcera de pés diabéticos apresentem recidiva em um ano; 60%, em dois anos; 65% em até cinco anos, o que enfatiza a necessidade de estimular a adesão do paciente por meio de processo educativo, motivar o autocuidado e consultas regulares para avaliação por equipe especializada.

LINK DA FONTE

Rolar para cima