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Distúrbios alimentares: o que são e como ajudar alguém nessa condição
Os distúrbios alimentares modificam a percepção de uma pessoa da sua aparência e da qualidade dos seus hábitos alimentares. Por isso, costuma ser difícil fazê-la perceber que o seu comportamento é prejudicial tanto para a sua saúde física quanto mental.
Essas condições podem passar despercebidas por pais, amigos, cônjuges e outras pessoas do círculo social do indivíduo. Isso porque grande parte dos pacientes de distúrbios alimentares sabe que os seus hábitos não são saudáveis ou, pelo menos, não são bem-vistos pela sociedade. Assim, eles os escondem.
Essas características tornam essas condições difíceis de identificar e de tratar, segundo psicólogos. Para desenvolver hábitos alimentares saudáveis, a pessoa precisa perceber o que está fazendo consigo mesma. Por isso, o apoio de entes queridos é importante para cessar os hábitos ruins, mesmo quando a pessoa garante que está se cuidando à sua maneira.
No post de hoje, abordaremos como esses distúrbios influenciam o comportamento e a qualidade de vida das pessoas, bem como os métodos de tratamento disponíveis.
O que são distúrbios alimentares?
Transtornos alimentares ou distúrbios alimentares são alterações nos hábitos alimentares associadas a conflitos emocionais. Embora nem todos os casos sejam graves, essas condições podem afetar o funcionamento físico, psicológico e social na ausência de tratamento adequado.
A anorexia e a bulimia são os mais conhecidos e recorrentes, sobretudo, em mulheres jovens. Existem, no entanto, vários tipos de distúrbios alimentares, conforme visto abaixo:
- Anorexia: caracterizada pelo desejo de não comer.
- Bulimia: consiste na regurgitação dos alimentos após a refeição para evitar o ganho de peso. A prática recorrente e prolongada pode causar ferimentos no estômago;
- Pica: ingestão de objetos não comestíveis, como elásticos, moedas e peças pequenas de brinquedos. É mais presente nas crianças, mas também pode ser diagnosticado em adultos. Neste caso, a pessoa pode ingerir objetos cortantes e colocar a sua vida em risco;
- Compulsão alimentar: é o contrário da anorexia, caracterizada pela necessidade de comer em excesso, costumeiramente para combater a ansiedade e sentimentos negativos;
- Transtorno alimentar restritivo evitativo: também mais comum entre as crianças, trata-se do evitamento de certos alimentos por conta do gosto, da textura ou de outras razões; e
- Ruminação: outro transtorno frequentemente identificado na infância é o de ruminação, que consiste em ruminar alimentos mastigados antes de engolir.
Com o estudo dos distúrbios alimentares e as mudanças na sociedade, outras condições começaram a ser identificadas, embora ainda não sejam reconhecidas por toda a comunidade científica. É o caso da ortorexia, vigorexia e diabulimia.
Sintomas dos distúrbios alimentares
Tipos distintos de transtornos alimentares naturalmente possuem sintomas diferentes, mas o fator semelhante em cada um deles é a relação inadequada com a comida e, por vezes, uma autoimagem extremamente negativa.
Os sinais típicos dos distúrbios alimentares são:
- Preocupação excessiva com o peso, a aparência e o que vai comer;
- Evitar se socializar para não ser levado a comer em eventos, confraternizações e saídas com amigos;
- Comer em excesso ou não comer o suficiente;
- Ganho ou perda rápida de peso;
- Problemas na digestão, como sensação de inchaço, constipação e diarreia;
- Sensação de formigamento nos braços e nas pernas;
- Frio excessivo porque o corpo não consegue se aquecer;
- Dificuldade para enxergar o problema com os seus hábitos alimentares;
- Dificuldade para perceber as mudanças corporais ainda que sejam gritantes;
- Exercitar-se demais para perder peso sem necessidade;
- Desenvolver rotinas e regras rígidas sobre comida;
- Oscilações de humor. Normalmente, a pessoa transita entre estados depressivos, ansiosos e confiantes;
- Taquicardia;
- Fadiga constante; e
- Sensação de desmaio.
O que causa os distúrbios alimentares?
As pessoas são levadas a alterar a sua relação com a comida e a maneira como se alimentam por uma série de razões. No caso da anorexia e da bulimia, a preocupação excessiva com o peso é um dos principais motivadores.
A crença inicial costuma a ser a de que a magreza é o padrão de beleza ideal, mas, com o tempo, o indivíduo fica obcecado com a perda de peso. Por isso, ele transforma a contagem de calorias, a recusa das refeições ou a regurgitação da comida em uma competição contra si mesmo.
Como as mulheres são mais cobradas para manter a magreza, elas têm mais propensão a desenvolver essas condições. Por isso, a crença da magreza como ideal de beleza normalmente é adquirida através de influências externas, como pressões sociais e midiáticas, quando o indivíduo não consegue separá-las dos seus ideais pessoais.
A incapacidade de lidar com o estresse oriundo de uma situação, como correria no ambiente profissional, ambiente familiar opressivo ou relacionamento abusivo, é outra possível causa. Os distúrbios alimentares também têm relação com o controle. Sentindo-se impotente e sob pressão, o indivíduo encontra nos hábitos alimentares a possibilidade de reconquistar o controle da sua vida.
A mesma situação se aplica aos traumas. Eventos traumáticos do passado podem levar a pessoa a desenvolver maneiras ineficientes de lidar com emoções e situações estressantes. Assim, ela pode descontar os incômodos emocionais na comida ou desenvolver uma relação rígida de controle com a alimentação.
Outros fatores que contribuem para o desenvolvimento dessas condições alimentares são personalidades rígidas, as quais pendem ao perfeccionismo e neuroticismo, genética e diagnóstico de outras condições de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Quais são os tratamentos para distúrbios alimentares?
Se você suspeita que alguém próximo tem um transtorno alimentar ou identificou sintomas em você, não hesite em procurar ajuda médica e psicológica. Essas condições apresentam perigos à saúde e até à vida quando não tratadas.
Os distúrbios alimentares são tratados com psicoterapia e atendimento médico. A anorexia, por exemplo, pode levar a privação nutricional, resultando na perda de cabelo e alterações na pele. O indivíduo também pode ter desconfortos intestinais, hipoglicemia, disfunções sexuais, letargia, perda de memória e convulsões.
Dessa maneira, o atendimento médico é necessário em casos graves e, ainda, é útil para determinar se a causa dos problemas alimentares reside numa patologia física ou não. Uma vez descartada essa possibilidade, o paciente pode se concentrar em tratar a condição na terapia.
Terapia para distúrbio alimentares
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem considerada a mais adequada para o tratamento de alterações nos hábitos alimentares. Esse tipo de terapia objetiva identificar padrões de pensamento e crenças que contribuem para a perpetuação de comportamentos disfuncionais.
No caso dos distúrbios alimentares, a TCC procura modificar pensamentos ou crenças associados a comida, peso, padrões de beleza, autoestima, aparência, entre outros. Então, qualquer fator que pode contribuir para piorar das condições é discutido com o psicólogo.
Em seguida, estratégias para modificar os padrões negativos de pensamento e comportamento são pensados em conjunto com o profissional, como, por exemplo, a ressignificação de crenças sobre beleza e alimentação saudável.
O paciente é incentivado a colocá-las em prática e, aos poucos, começa a ver resultados na sua maneira de agir, pensar e sentir.
Mudanças na alimentação também devem ser feitas com cautela, principalmente no caso da magreza extrema, quando o corpo não está acostumado a ingerir grandes quantidades de alimento. Com a ajuda do psicólogo, o paciente pode tratar a culpa, frustração, medo e ansiedade que sente ao se alimentar de modo adequado.
Como ajudar alguém com distúrbio alimentar?
A família, os amigos e o cônjuge desempenham papéis fundamentais na recuperação dos transtornos alimentares. Muitas vezes, indivíduos tentam ‘enganar’ os seus entes queridos para dar continuidade aos hábitos nocivos, pois não percebem a gravidade do que estão fazendo.
Mentiras e omissões são comuns quando eles ainda estão em negação. Por isso, entes queridos precisam monitorar o seu comportamento de longe, sem dar a impressão de que estão tentando controlá-los. É uma medida de precaução, principalmente quando não se percebe melhora no tratamento.
Entre as atitudes que você pode tomar para ajudar alguém com distúrbio alimentar estão:
- Encorajar o tratamento psicológico e médico;
- Estudar sobre o transtorno alimentar para entender o comportamento do indivíduo. Se necessário, entes queridos podem marcar uma consulta com o psicólogo para falar sobre isso;
- Evitar gratificar hábitos alimentares nocivos ao fazer vista grossa ou dizer que distúrbios alimentares não são tão graves;
- Ouvir as inseguranças, preocupações e medos da pessoa querida;
- Ajudar a construir sua autoestima através de elogios e reconhecimento das conquistas não relacionadas à aparência; e
- Dizer a pessoa o quanto ela é importante para você. A obsessão em atingir um ideal de beleza pode tornar a pessoa cega para outros aspectos da vida, então relembre-a de que os outros lhe querem bem.
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Autora: psicóloga Thaiana F. Brotto – CRP 106524/06 Formação: Thaiana Filla Brotto é psicóloga registrada no Conselho Regional de Psicologia sob o número 06/106524. Thaiana se formou em Psicologia pela PUC-PR em 2008, fez pós-graduação em Terapia Comportamental pela USP e é pós-graduanda em Neurociência pela PUC. Thaiana já escreveu mais de 400 artigos para o Blog Psicólogo e Terapia.