As conquistas das mulheres no mercado de trabalho

O mercado de trabalho, majoritariamente, sempre foi ocupado por homens, as funções de genero sempre foram preestabelecidas de modo global. Enquanto os homens sempre foram tidos como sexo forte, sendo estimulados a serem ativos e buscarem sucesso profissional, as mulheres, ao contrario, eram tidas como o sexo frágil, e sua existência no mundo sempre determinada pela sua capacidade reprodutiva, além de serem limitadas aos cuidados com a casa, com os filhos, e à submissão masculina.

Essa realidade, felizmente, para as mulheres, mudou. Com o avanço da industrialização, a partir da década de 1930, o espaço para as mulheres saírem de casa e irem ao mercado de trabalho, se abriu.

O movimento feminista trouxe consigo as lutas pelos direitos das mulheres, além de formas dignas de trabalho e liberdade. As mulheres estão presentes em quase todos os setores do mercado. Porém, a luta continua.

De acordo com dados do IBGE divulgados em 2019, 65% da mão de obra geral do mercado ainda é masculina, em comparação com 45% feminina. 

Ainda segundo a mesma pesquisa, as trabalhadoras brasileiras podem receber até 20% a menos que os homens. Mesmo quando têm ensino superior e exercem a mesma função.

Somado a isso, as mulheres ainda sofrem muita pressão para darem conta das demandas sociais em torno das suas funções reprodutivas, e sexualidade, e estética. A mulher ainda é sexualizada, e suas capacidades intelectuais e força de trabalho reduzidas às questões de gênero, não sendo de muitas maneiras respeitadas em diversos ambientes, como indivíduo.

A sobrecarga emocional imposta pela cultura à mulher

Dar conta de todas as demandas externas que põe a mulher no lugar de sexo frágil, ou impedindo muitas vezes a competitividade com os homens, assim como também ter que dar conta de muitas funções que ainda lhe são atribuídas, gera uma sobrecarga emocional e um ideal de perfeição que precisa ser superado.   

A mulher não precisa apenas mostrar-se competente no que faz para ser reconhecida, ela ainda precisa lidar com questões da sua autoimagem, autoestima, e autoconceito. As exigências que giram em torno da beleza, de um padrão de comportamento moral e sexual ideal, são demandas que as mulheres precisam lidar e que fazem parte da sua construção emocional e intelectual desde sempre.

Superar todas essas barreiras e construir uma autoestima solida é um desafio que leva a mulher muitas vezes ao adoecimento e desequilíbrio.  

Elas são obrigadas a se preocupar com detalhes tão “insignificantes” para se sentirem autoconfiantes e terem seu senso de direito respeitado e alcançar o resultado profissional, que muitas vezes essas exigências as fragilizam, impedindo-as de evoluir e se desenvolver na mesma velocidade que os homens, já que estes sempre foram mais livres.

A psicologia vem dando conta de fortalecer essa mulher de diversas formas. Algumas dessas formas são:

  • Levando ao autoconhecimento tanto do seu contexto histórico, social, econômico e de  todas as exigências que lhe são impostas, 
  • Fortalecendo a autoestima, 
  • Ajudando-a a diminuir as pressões do ideal de perfeição,
  • Minimizar a culpa gerada pela dificuldade de dar conta de tantos papeis em alta performance,
  • Construir pra si o que faz sentido, respeitando suas diferenças individuais e classes de pertencimento, como biotipo, etnia, estado civil, idade, por exemplo, já que cada uma delas vai experimentar questões diferentes de vulnerabilidade ligadas às classes a que pertencem.

Uma mulher negra por exemplo, terá dificuldades de inserção profissional em vários âmbitos devido aos atravessamentos de uma cultura racista. Uma mulher que por questões genéticas, tempo e outras responsabilidades não consegue alcançar os padrões estéticos impostos vai enfrentar inseguranças de outras magnitudes.  

Lidar com todas as demandas sociais impostas à mulher desde que são inseridas na cultura é um trabalho que exige muito autoconhecimento e ferramentas para lidar com todas as pressões que serão geradas internamente.

Conseguir administrar a própria individualidade, e equilibrar-se em todos os papeis, e conquistar o direito de escolher o que quer vivenciar, vinculando-se, seja com o trabalho e com a família, com a comunidade e o lar, de forma segura, sem gerar para si adoecimento é um exercício que exige paciência e suporte de profissionais com arcabouço teórico e técnico.  

Algumas dificuldades para conciliar sua individualidade com o mercado de trabalho

Se você é mulher e vem enfrentando dificuldades para conciliar sua individualidade e o mercado de trabalho, seguem algumas dicas: 

#1 – Desenvolva habilidades de comunicar

Tanto de forma falada como escrita, comunicar-se de forma assertiva, sabendo ouvir e sabendo também colocar suas necessidades de forma clara e objetiva, permitirá você a ser melhor compreendida, criar conexão com o outro e superar barreiras e se sentir menos solitária nos seus desafios

#2 – Não se cobre tanto

Por mais que exija uma cobrança externa para que você tenha alta performance, cobrar de você perfeição apenas aumentará o nível de estresse e diminuirá a praticidade e flexibilidade.

Portanto: aprenda a cobrar-se menos 

#3 – Autoconhecimento  

O autoconhecimento vai te levar a compreender as suas habilidades, suas dificuldades e te ajudar a ter relacionamentos saudáveis, desenvolvendo sensibilidade à individualidade do outro.

#4 – Busque por ambientes que estejam alinhados com seus valores 

Estar alinhado com os valores, tanto das organizações que você faz parte quanto nos relacionamentos pessoais, irá te ajudar a se sentir confortável, acolhida e aberta para uma melhor comunicação e assertividade.

#5 – Inteligência emocional

Aprender a lidar com suas emoções, identificando o que você está sentindo, quais são suas reais ambições, objeções e as vulnerabilidades que você precisa superar, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, vai te ajudar a continuar se atualizando e encontrando melhores posições.

#6 – Fortaleça sua autoestima  

Não importa qual a sua historia e quais os desafios você enfrentou até aqui, reconhecer-se como ser humano único de individualidades próprias vai te ajudar a se posicionar com melhor assertividade e ser reconhecida.

#7 – Peça ajuda 

Ao tentar superar as vulnerabilidades as mulheres, muitas vezes, acabam migrando para um polo onde precisa se mostrar forte, sem necessidades emocionais e práticas. Isso apenas fará com que você aumente suas dificuldades e se aliene, e não consiga dar conta de todas as demandas.

Ninguém está apto para viver sozinho sem a ajuda de outros. Pedir ajuda e assumir para si suas próprias dificuldades contando com o suporte seguro vai apenas vai te fortalecer! 

Bibliografia

  1. HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções 1789-1848. 18 ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004. 
  2. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil liv101681_informativo.pdf (ibge.gov.br) 
  3. O racismo em três séculos de escravidão   O racismo em três séculos de escravidão | Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (fiocruz.br)
  4. FARHAT, D. G. K. M. As Diferentes Concepções de Corpo ao Longo da História e nos Dias Atuais e a Influência da Mídia nos Modelos de Corpo de Hoje. 2008. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Física) – Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Rio Claro. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/118970>. Acesso em: 24, jun. 2018.
Valéria Sousa Cardoso Corre
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