Pensamentos intrusivos parecem parecer um fenômeno inexplicável ou, no mínimo, possuir explicações impensáveis para a maioria das pessoas.
Você está trabalhando e, de repente, um pensamento catastrófico aparece e o deixa preocupado. Ou está em casa cuidando dos afazeres domésticos como de costume quando, sem explicação, um devaneio negativo brota em sua mente. Parece até que não é você quem está no controle dos seus pensamentos!
Quem tem pensamentos de caráter invasivo costuma ter vergonha disso, portanto, se coloca numa posição de sofrimento silencioso. Entretanto, existe uma explicação para a perturbação causada por esse tipo de devaneio, bem como maneiras de lidar com eles.
O que são pensamentos intrusivos?
São pensamentos indesejáveis que podem surgir em nossas mentes sem qualquer aviso. Eles costumam ser desagradáveis, estressantes e até violentos. É comum o mesmo cenário aparecer de novo e de novo, causando perturbação emocional.
Quando se tem uma preocupação latente, como o bem-estar dos filhos ou a carreira profissional, ela costuma estar envolvida nos devaneios. Da mesma forma, pensamentos desse tipo podem envolver condutas consideradas inaceitáveis ou impróprias pelo indivíduo.
Como a pessoa cujos pensamentos são intrusivos não sabe explicar o que está acontecendo, ela começa a temê-los ou agir de maneira paranoica em relação a eles. “Uma pessoa normal consegue pensar esse tipo de coisa?”, ela pode se perguntar com frequência.
Outra razão pela qual esses pensamentos resultam em tanto sofrimento é: são o oposto do que as pessoas querem e pretendem fazer. Esse contraste choca a maioria das pessoas e as deixam preocupadas com o seu próprio compasso moral.
Embora desagradáveis, esses devaneios são apenas devaneios. Não são maus presságios ou avisos do subconsciente, como alguns podem pensar. Eles normalmente causam ansiedade, estresse e medo, mas, na realidade, não têm poder algum sobre a sua vida.
Exemplos de pensamentos intrusivos
Um dos tipos mais comuns de pensamentos intrusivos está relacionado à segurança. O indivíduo frequentemente se vê dirigindo em direção a uma multidão, ferindo outras pessoas, ou contra uma árvore, ferindo a si mesmo, por exemplo. As vítimas das violências podem ser indivíduos desconhecidos ou familiares, amigos e cônjuges.
Pensamentos de caráter sexual são igualmente comuns. Eles podem trazer muita vergonha a quem os têm, especialmente quando as fantasias sexuais são incoerentes com as crenças e sexualidade da pessoa. Além disso, pode haver o medo de sentir atração sexual inapropriada, como por membros da família ou crianças.
Os pensamentos intrusivos podem afetar o relacionamento quando envolvem medos e preocupações acerca do futuro da relação e/ou do cônjuge. Eles podem aumentar a insegurança do indivíduo, levando-o a buscar validação constante do parceiro e duvidar da sua fidelidade.
Formas mais ‘amenas’ desses tipos de pensamentos se manifestam na forma da sua própria voz interior.
Assim, ‘conselhos’ e afirmações negativas começam a inundar a mente, tais como “Você nunca vai conseguir esse emprego. É melhor desistir!” ou “Você acha que eles gostam de você? Eles estão falando mal de você neste momento”.
Outras formas de pensamentos invasivos envolvem a religião. A pessoa religiosa pode ter medo de Deus não perdoar seus pecados, necessidade constante de se punir por não ter pensamentos religiosos considerados apropriados e repetir orações múltiplas vezes ao dia para se desculpar por seu comportamento ou de pessoas próximas.
Quem pode ter esses tipos de pensamentos?
Pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), distúrbios alimentares, ansiedade e depressão são mais suscetíveis a terem pensamentos indesejáveis.
A ansiedade é caracterizada por uma preocupação excessiva com o futuro. Assim, é comum a pessoa ansiosa imaginar cenários negativos sobre situações que ainda não aconteceram ou ter pensamentos intrusivos que tiram o seu sossego.
Já o TOC ocorre quando pensamentos obsessivos forçam as pessoas a terem comportamentos compulsivos para aliviar a ansiedade. Por exemplo, um indivíduo pode lavar as mãos por um longo período por temer ter uma infecção após participar de uma determinada atividade.
A recorrência de pensamentos perturbadores também é um sintoma comum de TEPT. A pessoa traumatizada ou é bombardeada por lembranças ruins sobre o evento traumático, ou sofre com devaneios intrusivos que criam cenários negativos sobre o passado, presente e futuro.
Por fim, quem tem algum distúrbio alimentar – anorexia, bulimia, compulsão alimentar, etc – pode ter pensamentos que acentuam seus sintomas.
Como o indivíduo está sempre preocupado com sua aparência e peso, imaginando-se com um corpo indesejável, seus pensamentos influenciam negativamente seus hábitos alimentares. Quem tem depressão também pode se sentir invadido por devaneios negativos e modificar comportamentos por conta disso.
Apesar de também estarem ligados a condições específicas, qualquer pessoa pode ter pensamentos que parecem invadir a mente e roubar a tranquilidade.
Como lidar com pensamentos intrusivos?
Viver com esses pensamentos desagradáveis inevitavelmente desencadeia estresse, frustração e ansiedade. Eles podem fazer com que as pessoas tenham medo de si mesmas. Afinal, seriam elas capazes de agir a partir de determinados pensamentos, principalmente os violentos? Qual é o significado desses devaneios aterrorizantes?
Esses pensamentos em nada têm a ver com o caráter ou personalidade de quem os têm. Eles podem tanto ser o reflexo de um trauma que deixou marcas profundas quanto não estarem relacionados a nenhum aspecto da vida da pessoa. Ou seja, às vezes nem sequer possuem um significado profundo!
Sendo assim, você não precisa viver com pensamentos intrusivos. Existem diversas opções de tratamento disponíveis para afastá-los e coisas que você pode fazer no dia a dia para combatê-los.
Tenha em mente, contudo, que o processo para se livrar deles pode ser longo. Algumas pessoas relatam fortalecimento desses devaneios quando fazem tentativas de combatê-los. Essa característica é comum e não deve ser interpretada com estranheza. Não significa que você é anormal ou incapaz de ser ‘curado’, tudo bem?
Além disso, existem maneiras corretas de lidar com eles. Na ânsia para afastar o pensamento que desperta desconforto, as pessoas acabam tornando-os mais frequentes e alimentando a própria ansiedade.
Levando esses fatores em consideração, separamos três formas de lidar com pensamentos intrusivos.
1. Procure terapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais indicada para tratar padrões de pensamento disfuncionais. Durante os encontros com o psicólogo, os pacientes aprendem a administrar seus pensamentos de modo eficiente.
Isso é feito de várias formas: compreensão do mecanismo por trás dos devaneios indesejáveis, identificação de como refletem no comportamento e emoções, e substituição dos padrões negativos por positivos.
O psicólogo também poderá expor pacientes a gatilhos emocionais para que os pacientes desenvolvam respostas mais saudáveis a eles.
Não é recomendado executar essa técnica em um ambiente não controlado, pois ela pode causar muito sofrimento, intensificar lembranças do trauma e/ou agravar sintomas de transtornos mentais. A participação do psicólogo é fundamental para desencadear resultados positivos.
Outros problemas emocionais que podem incentivar pensamentos intrusivos também são identificados na terapia, como falta de autoestima, insegurança, complexo de rejeição, medo excessivo de determinada situação, entre outros.
O paciente ganha confiança no decorrer das consultas para controlar os seus pensamentos invasivos e emoções, além de compreender como eles não têm, de fato, nenhuma relação com seu caráter e crenças verdadeiras.
2. Aceite a presença do pensamento
A primeira reação das pessoas costuma ser afastar o pensamento o mais rápido possível. Por despertarem ansiedade, medo e dúvida, essa atitude pode soar como a solução mais lógica para o problema.
Mas, na verdade, fingir que esses pensamentos não existem ou tentar afastá-los de imediato não é o jeito certo de lidar com eles. Além de acentuar emoções negativas, fazer isso pode estimular mudanças comportamentais, como evitar determinadas situações e lugares, se afastar de atividades do dia a dia e remoer pensamentos.
Apesar de parecer difícil, você precisa aceitar que teve aquele pensamento. A negação sempre torna tudo mais complicado.
Reconheça o que está acontecendo e suprima quaisquer julgamentos sobre você ou sobre a qualidade dos seus devaneios. Só assim você conseguirá entrar numa mentalidade proativa saudável e lidar com a situação.
3. Inicie uma conversa mental positiva
Após aceitar o pensamento intrusivo, você pode iniciar uma conversa mental positiva consigo mesmo.
Você pode dizer a si mesmo que teve um devaneio indesejado, mas ele é somente isso: um devaneio. Ter esse pensamento não significa que você irá agir da forma imaginada ou que existe algo malicioso dentro de você.
Da mesma forma, se pensamentos invasores começarem a dizer coisas ruins sobre você, aceite-os e desminta-os, como se estivesse confrontando outra pessoa. Fale coisas positivas sobre você, além de ressaltar as suas qualidades e conquistas.
Então, se imagine conquistando seus objetivos e vivendo a vida dos seus sonhos. Se você estiver prestes a ter uma conversa difícil ou passar por uma situação complicada, imagine os melhores cenários possíveis.
Você pode ensaiar o que dizer e como agir nessas circunstâncias, mas não se apegue demais ao roteiro. Esse exercício tem a intenção de elevar a sua confiança e combater a preocupação. Tudo bem se a realidade não ocorrer conforme o planejado, ok?
Somos nós que estamos no controle de nossos pensamentos e não ao contrário. Deste modo, substitua a vergonha e medo por afirmações positivas e cenários esperançosos. Caso tenha dificuldade, não se preocupe. Procure um profissional para ajudá-lo a mudar a sua forma de pensar.
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