Dormir bem é um dos aspectos determinantes para a qualidade de vida. Além de restaurar a energia para o dia seguinte, o sono tem um papel primordial na manutenção das funções cognitivas. Sob essa ótica, entender a relação entre sono e saúde mental é crucial para a busca de ajuda profissional em tempo de tratar os problemas associados a essa questão.

Tendo isso em vista, a Dra. Luciana Mancini Bari, Coordenadora de Práticas Médicas do Hospital Santa Mônica irá apresentar 5 transtornos mentais relacionados à má qualidade do sono. Problemas como a apneia do sono e depressão, por exemplo, estão interligados e podem contribuir para o desenvolvimento de outras complicações.

Veja, então, como as noites mal dormidas podem comprometer a saúde mental. Acompanhe!

Afinal, qual é a função do sono para o organismo?

O sono desempenha um papel central em todos os aspectos da saúde. Ou seja, dormir bem influencia diretamente a estabilidade física, mental e emocional, já que durante o sono, o cérebro produz substâncias reguladoras das funções orgânicas. Assim, isso ajuda a entender o quanto é necessário praticar a higiene do sono para melhorar a qualidade de vida.

Entre outras funções, o sono fortalece a imunidade e promove a reparação das células e tecidos. Essas funções são essenciais para evitar — ou retardar — o desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente aquelas que surgem na idade avançada. Porém, esses benefícios são possíveis apenas pelo sono saudável, o que sugere a necessidade de cultivar hábitos que ajudem a dormir melhor.

Qual é a relação entre sono e saúde mental?

Tanto a saúde mental quanto a emocional dependem da qualidade do sono. Quem não dorme bem apresenta mais tendência a problemas de memória e dificuldades de concentração, por exemplo. O sono insuficiente ou irregular também influencia o desempenho no trabalho, na escola e até mesmo nos relacionamentos interpessoais.

Aqui, vale destacar que a dificuldade em dormir é vista como uma situação mais pontual, enquanto a insônia assume um caráter patológico. Algumas pessoas têm dificuldade para pegar no sono, enquanto outras não conseguem voltar a dormir depois que acordam à noite. Ambas as condições afetam a saúde mental e influenciam o comportamento, já que o mau-humor é predominante nesses casos.

Recentemente, a Agência Brasil EBC divulgou dados de uma pesquisa afirmando que 65% dos brasileiros têm problemas com o sono. Entre os entrevistados, mais de 60% admitiram fazer uso de aparelhos eletrônicos antes de ir para a cama. Ainda que a insônia esteja associada a outras questões, o estilo de vida contemporâneo é um dos maiores determinantes.

Como vimos, a insônia pode provocar perturbações clínicas significativas e gerar prejuízos em diversos aspectos da vida. Devido à relação entre sono e saúde mental, essas estatísticas são muito preocupantes, pois esse é um dos problemas que mais desafiam a saúde pública.

Qual são os principais 5 distúrbios mentais relacionados ao sono?

De forma geral, a sonolência diurna, o mau-humor e a indisposição mental e física são os principais sintomas de noites mal dormidas. Contudo, há outras manifestações associadas à saúde mental. Veja quais são! 

1. Depressão

Quem sofre com distúrbios do sono está mais vulnerável a episódios de doenças emocionais que podem evoluir para o transtorno depressivo persistente. A maior parte dos pacientes depressivos relata ter percebido mudanças nos padrões do sono após o diagnóstico da doença.

Geralmente, a depressão gera muita dificuldade para iniciar o sono, assim como para mantê-lo. Logo, esse transtorno acarreta episódios de insônia inicial e terminal devido às modificações estruturais que a doença provoca no cérebro. Com isso, a produção e a liberação de hormônios reguladores do sono ficam prejudicados, o que agrava o problema.

2. Ansiedade

Os quadros ansiosos também são frequentes em indivíduos que têm o padrão de sono comprometido. Assim como acontece na depressão, a ansiedade também leva à dificuldade em iniciar e manter o sono. De forma bastante significativa, ela interfere na qualidade desse processo e impede que o sono seja reparador.

Contudo, as crises de ansiedade podem surgir por consequência da insônia, mas também pode ser o gatilho para provocá-la. Por isso, é necessário conversar com um especialista para analisar o quadro e adotar a intervenção terapêutica mais adequada.

Atualmente, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem sido amplamente empregada para controle de transtornos ansiosos. Por meio desse tratamento é possível trabalhar a raiz do problema, visualizar uma solução mais viável e reverter essa condição.

3. TDAH

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade — ou simplesmente TDAH — não afeta somente crianças e adolescentes. Assim, esse quadro também compromete a estabilidade mental dos adultos. Hoje, há maior prevalência desse distúrbio em pessoas que não o apresentavam na infância.

Mesmo que o TDAH se origine por uma multiplicidade de fatores, o sono insuficiente é um dos seus principais determinantes. Pessoas que talvez estejam dormindo pouco são mais propensas aos desequilíbrios das funções cognitivas. Devido à relação entre sono e saúde mental, o sono fragmentado perde o seu potencial restaurador e expõe as pessoas aos riscos à saúde.

4. Síndrome do Estresse Pós-Traumático

A maioria dos pacientes em tratamento para o controle do estresse pós-traumático se queixa de despertares ansiosos, acompanhados de dor no peito e pesadelos. Esse distúrbio tem relação com a falta de qualidade do sono e aumenta os riscos para a hiperatividade cerebral. Nessas circunstâncias, os sintomas podem evoluir para a hipervigilância e insônia crônica.

5. Demências senis

Um artigo publicado pelo site Scielo — com um público-alvo composto por pessoas com mais de 65 anos de idade — alertou sobre a importância da ligação entre sono e saúde mental. Segundo o material, os transtornos do sono afetam mais de 50% dos idosos, o que implica maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de quadros demenciais como Alzheimer e Parkinson.

Mesmo que nessa etapa da vida as desordens do sono sejam comuns e multifatoriais, convém diferenciar o normal do patológico. Dessa forma, quando se fala em insônia na terceira idade, é necessário avaliar tanto as comorbidades como as mudanças que surgem em consequência dos distúrbios do sono. 

Como você notou, as queixas de sono são mais frequentemente percebidas em pacientes com transtornos emocionais e psiquiátricos. Por isso, além da busca pelo tratamento ideal, priorizar uma boa noite de sono é crucial para o autocuidado. Mais do que isso: torna-se uma medida preventiva essencial para todos os ciclos de vida.

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