É provável que você tenha se deparado com postagens nas redes sociais envolvendo “Quiet Quitting”. O termo, que pode ser traduzido para o português como “demissão silenciosa”, se tornou viral e vem gerando grandes debates.
Em linhas gerais, esse conceito sugere que os profissionais foquem em cumprir somente o mínimo para que continuem empregadas. Dessa forma, não devem se esforçar para além da descrição da sua vaga.
Esse discurso bate de frente com os discursos mais popularizados nos últimos tempos. Muito se fala a respeito da importância de se dedicar e superar limitações enquanto profissional contratado.
O movimento Quiet Quitting ressalta que os colaboradores, em grande parte dos casos, não colhem os lucros dos seus esforços. Os ganhos advindos do seu esforço acabam ficando para os contratantes.
Por isso, a sugestão é de que os colaboradores cumpram somente aquilo que foi combinado inicialmente. Em outras palavras, os profissionais não devem trabalhar nos fins de semana, não devem fazer tarefas extras sem remuneração e sair no horário certo.
Continue lendo para entender mais sobre o movimento e como esse discurso se alinha com o contexto atual do mercado de trabalho.
Entenda o que é Quiet Quitting
Atualmente, há grande precarização nos modelos contratuais de trabalho em diferentes áreas. A insegurança financeira e a redução de direitos trabalhistas, um fenômeno em escala global, vêm gerando respostas por parte dos trabalhadores. Nesse contexto, o Quiet Quitting é mais um dos movimentos que repensam o mundo laboral.
A chamada em português “demissão silenciosa” está alinhada a outras discussões fundamentais. Diversos países vêm debatendo a importância de reduzir a carga horária de trabalho para menos dias por semana. Outro movimento impactante nesse sentido é o “Grande Renúncia”, nos Estados Unidos. Basicamente, os jovens que se sentem explorados pedem demissão em massa. Em seguida ao pedido, postam em suas redes sociais.
A hashtag #quietquitting viralizou no TikTok, ajudando a apresentar a ideia para mais pessoas. Um dos primeiros vídeos a usar essa tag foi a do engenheiro Zaid Khan, de 24 anos. Nesse vídeo, o jovem explica a proposta do Quiet Quitting, não se trata de desistir do emprego, mas sim de desistir da ideia de trabalhar além do combinado.
Um dos objetivos principais de movimentos como o Quiet Quitting e Grande Renúncia é repensar o mercado de trabalho. Torna-se cada vez mais urgente analisar as demandas dos profissionais, algo que antes não era nem cogitado por boa parte das empresas.
Quais são os principais motivos de insatisfação com o trabalho?
No primeiro semestre de 2022, aproximadamente 2,9 milhões de profissionais brasileiros pediram demissão. Esse dado é de um levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Trata-se do índice mais elevado desde 2005.
Considerando a crise econômica que o país enfrenta, é no mínimo estranho um volume tão significativo de demissões. Esse número é um sinal bem claro de que há muitos trabalhadores insatisfeitos com as condições atuais de trabalho.
Outra evidência de que há problemas é o aumento dos casos de burnout. O excesso de trabalho combinado com poucos direitos e baixa remuneração tem levado ao surgimento de vários problemas de saúde.
Existem alguns fatores que devem ser observados quando se trata de tentar entender os motivos da insatisfação dos profissionais com seus trabalhos. Algumas pessoas se sentem insatisfeitas por entender que recebem muito pouco em proporção ao que fazem na empresa. Em outros casos, os colaboradores podem não se sentir devidamente valorizados.
Além desses fatores, há ainda o aumento do trabalho remoto em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Muitas pessoas sentiram profundamente a “invasão” da vida profissional na vida pessoal. Nesses casos, começou a parecer mais distante a separação entre a vida pessoal e a profissional.
O trabalho e os prejuízos para a saúde
O movimento Quiet Quitting, como já citamos, não incentiva, necessariamente, que as pessoas deixem seus empregos. Diferentemente do movimento “Grande Renúncia”, em que o objetivo é se demitir. A proposta do Quiet Quitting é repensar a forma como os trabalhadores estão se relacionando com seus trabalhos.
Contudo, antes de decidir tornar-se um adepto desse movimento do mínimo esforço possível, é importante fazer algumas análises. Como você se sente em relação ao seu trabalho? Para te ajudar nessa avaliação sincera, listamos alguns tópicos para considerar.
1. Plano de carreira
Reflita sobre qual é a sua ideia de carreira e o que deseja para o seu futuro. O seu trabalho atual te ajudará a chegar onde deseja? As funções que realiza atualmente se adequam aos seus anseios para o futuro? Você se sentia insatisfeito em outros empregos?
2. Posicionamento
A premissa do movimento Quiet Quitting é justamente ficar quieto fazendo o mínimo apenas para não ser mandado embora. Porém, nem sempre agir assim é a melhor escolha para a sua carreira e felicidade. Se você está em uma empresa em que existe diálogo, ainda que mínimo, é interessante considerar uma conversa com seu chefe.
Se encontrar abertura, leve seus argumentos para o supervisor e exponha os motivos pelos quais está se sentindo incomodado. Essa conversa pode te ajudar a receber um feedback para entender qual é o próximo passo mais indicado.
3. Entenda e estabeleça seus limites
O imediatismo gerado pela internet tornou relativamente comum que as empresas demandem tarefas dos seus colaboradores fora do horário tradicional. Esse trabalho fora de horário pode ser ler e responder e-mails, responder mensagens, atender ligações ou até mesmo finalizar um relatório.
O ideal para evitar desgastes é estabelecer limites claros, ou seja, determinar até que ponto o trabalho pode entrar na sua vida pessoal. Ter esse posicionamento é essencial para a sua saúde mental, mesmo que seus colegas não ajam assim. Se tiver abertura com o líder da equipe, converse a esse respeito.
4. Busque apoio
Você está muito incomodado com algo no seu trabalho? Se está passando por esse tipo de dificuldade, é importante reconhecer e pedir ajuda, inclusive a terapêutica. É uma forma de lidar de uma forma mais estratégica com essa situação de insatisfação. Entender o que motiva o seu descontentamento é essencial para pensar em soluções.
Gostou de saber mais sobre Quiet Quitting? Você já conhecia esse movimento? Aproveite para compartilhar este conteúdo em suas redes sociais para passar o conhecimento adiante!
Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC – Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.
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