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Carência afetiva: o que é e de onde vem?
A carência afetiva é um problema emocional que pode prejudicar bastante a vida das pessoas, especialmente os seus relacionamentos interpessoais. Pode ser difícil de compreendê-la, dado que envolve muitos sentimentos e questões emocionais.
Então, as próprias pessoas carentes sofrem com a necessidade em excesso de atenção e se frustram por não conseguirem administrar as suas demandas emocionais. No post de hoje, abordaremos como lidar com esse problema.
O que é carência afetiva?
É normal ter carência. A necessidade de receber afeto é comum a todas as pessoas, embora em graus distintos. Enquanto algumas gostam de demonstrações constantes de afeto e as usam como medida para determinar se os seus relacionamentos são bons ou não, outras pessoas não sentem essa necessidade com tanta intensidade.
Por isso, quando alguém não recebe a atenção e carinho que acredita merecer, sente-se só. A ausência de afeto estimula pensamentos negativos que culminam em baixa autoestima, como “ninguém gosta de mim” e “ninguém se importa comigo”. Para se livrar da sensação de rejeição, normalmente procura pessoas para se envolver romanticamente. Por um tempo, ela é saciada, mas logo volta a incomodar.
Os problemas para a saúde mental começam a aparecer quando a carência adquire proporções exageradas. O indivíduo carente não consegue suprir esse sentimento, mesmo quando está em um relacionamento.
A carência afetiva não se limita somente aos relacionamentos afetivos. Ela também afeta as relações platônicas, como amigos, familiares e colegas de trabalho.
Além disso, o indivíduo carente se coloca em uma posição de vulnerabilidade emocional, podendo ser vítima de atitudes mal-intencionadas de outras pessoas. Na tentativa de sentir-se amado e querido, ele pode ficar em relacionamentos abusivos e concordar em fazer coisas que não o agradam.
Quais são os sintomas da carência afetiva?
A carência afetiva pode ser percebida nos seguintes comportamentos:
- Ciúme;
- Incapacidade de ficar sozinho;
- Necessidade de pedir opiniões antes de tomar qualquer decisão;
- Tentativas de controlar as situações e pessoas;
- Complexo de inferioridade;
- Crença de que a felicidade reside no outro;
- Medo de ser rejeitado a qualquer momento;
- Insegurança excessiva;
- Necessidade constante de validação; e
- Excesso de cobranças.
Como a carência afetiva afeta a vida das pessoas?
Pessoas excessivamente carentes têm dificuldade para formar laços afetivos saudáveis. Então, quando estão em um relacionamento, exigem atenção e carinho constante. Também são ciumentas e inseguranças, acreditando que o cônjuge pode substituí-las a qualquer momento. Deste modo, elas fazem acusações de infidelidade ou perda do interesse do parceiro e se arrependem depois.
Por isso, o mesmo comportamento pode ser direcionado aos amigos e familiares. A pessoa carente precisa de validação dos sentimentos dos outros o tempo todo, o que pode deixar quem está a sua volta desconfortável com tamanhas exigências.
A carência afetiva causa insegurança. Por não acreditar ser competente e capaz de resolver os seus próprios problemas sozinha, a pessoa carente tem dificuldade para progredir na carreira, conquistar os seus objetivos e se relacionar.
Ela leva a opinião de indivíduos que desejam colocá-la para baixo a sério, chegando a basear as suas decisões e comportamentos na opinião alheia. Essa também é a razão pela qual tem mais facilidade em formar relacionamentos tóxicos. Em vez de se afastar de pessoas tóxicas, ela se apega a esses relacionamentos, pois depende deles para se sentir segura e amada.
Outra consequência da carência afetiva é a sensação de ser menos importante. A pessoa carente pode se sentir abandonada e culpar a si mesma por não ter recebido o carinho desejado. Por isso, está mais suscetível a desenvolver depressão, ansiedade e outras condições de saúde mental.
De onde vem a carência afetiva?
A carência afetiva se desenvolve ainda na infância. A falta de afeto e carinho nos primeiros anos de vida, os principais do desenvolvimento do ser humano, leva à problemas emocionais no futuro.
Então, a criança cresce sentindo falta de alguma coisa e, quando atinge a adolescência ou idade adulta, começa a buscar algo para preencher essa lacuna dentro de si. A busca interminável por afeto costuma ser feita de modo inconsciente.
Sem ter consciência disso, a pessoa carente se submete a situações e relacionamentos que acredita serem capazes de satisfazer a sua necessidade por atenção.
Então, quem está ao seu redor normalmente percebe que as suas decisões não são as mais saudáveis e pode tentar alertá-la. Entretanto, os breves momentos em que se sente amada são o suficiente para a pessoa carente insistir na toxicidade.
Nem sempre os pais percebem que não estão suprindo a necessidade de atenção dos filhos. Eles nem sequer podem ter conhecimento de que suas atitudes e palavras afetam os filhos de modo tão profundo. A ocasional decisão por trabalhar até mais tarde em vez de passar tempo com o filho pode parecer normal para os pais, mas, para a criança, essa atitude pode dar a entender que ela não é importante.
As crianças, por sua vez, têm dificuldade para compreender os seus sentimentos devido ao alcance emocional limitado. Sendo assim, elas não conseguem expressar aos pais o desejo por mais carinho.
É preciso destacar que a superproteção também é prejudicial para o desenvolvimento das crianças. Quando alcançam a vida adulta, essas pessoas geralmente sofrem de problemas de autoestima e autoconfiança por não terem tido muitas oportunidades de interagir com o mundo sem a supervisão dos pais.
Como tratar a carência afetiva?
Ao reconhecer os sinais de carência afetiva, você pode começar a trabalhar no seu próprio comportamento. A jornada para mudar o jeito como você se relaciona consigo mesmo e com as pessoas leva tempo e demanda disciplina. Entretanto, é um esforço necessário para levar uma vida mais saudável e ter relacionamentos melhores!
Em seguida, veja algumas maneiras de tratar a carência excessiva.
1. Se conheça
Como você vai tratar a carência afetiva se não sabe de onde ela vem e como afeta o seu comportamento? O autoconhecimento é o primeiro passo para resolver qualquer problema em nossas vidas, principalmente os que têm origem em conflitos pessoais e traumas. Para isso, você pode se fazer alguns questionamentos, como, por exemplo:
- Eu tenho medo do abandono?
- Por que não me sinto amado?
- Tenho medo do meu cônjuge não gostar de mim?
- Eu preciso dos outros para me sentir bem comigo mesmo?
- Como me comporto quando estou em um relacionamento?
2. Perdoe
A partir do momento que você começa a entender o porquê de ter muita necessidade por afeição, sentimentos negativos em relação ao passado podem surgir. Então, você pode ficar com raiva dos seus pais ou de pessoas que te fizeram algum mal, contribuindo para a insegurança e a carência afetiva.
É importante passar por esse momento e digerir essas emoções. Mas, quando elas perderem a intensidade, perdoe. Siga em frente com a sua vida, sem guardar rancor do passado. É melhor focar no presente e no futuro que você quer alcançar do que alimentar sentimentos em relação ao que já passou.
3. Compreenda as suas necessidades
Compreender as suas necessidades emocionais é indispensável para ter bons relacionamentos e gostar de si mesmo, além de ter sucesso em outras áreas da vida. Então, por que você sente tanta necessidade de atenção? Em um relacionamento, o que você considera importante? O que você precisa para se sentir amado?
Por isso, quando entendemos e aceitamos as nossas próprias necessidades, sabemos expressá-las aos outros. Encontrar o que você precisa para ser feliz também fica mais fácil com esse conhecimento. Então, dedique-se a compreender as suas necessidades.
4. Trabalhe os seus problemas de confiança
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A carência também está associada ao medo de confiar nos outros para se proteger de um possível abandono. Esse temor leva as pessoas a duvidarem dos sentimentos dos outros e a tomarem atitudes atípicas para sanar as suas dúvidas. No fim, acabam afastando os outros por não deixarem o relacionamento crescer naturalmente.
Se este é o seu caso, trabalhe os seus problemas de confiança. Você pode procurar a ajuda de um psicólogo para tornar tudo mais fácil. Na terapia, é possível entender de onde vem as suas inseguranças e como responder a elas de modo mais positivo.
5. Seja mais assertivo
Pessoas carentes não sabem exatamente o que elas querem. Desejam amor e carinho, mas não sabem como pedir ou como reagir quando os recebem. Então, tente ser mais assertivo em seus relacionamentos. Faça pedidos claros ou, ao menos, deixe as suas intenções evidentes para que os outros não precisem adivinhar o que você quer dizer. Do mesmo modo, valorize-se. Você consegue tomar atitudes mais proativas nos relacionamentos quando acredita que merece ser bem tratado.
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Autora: psicóloga Thaiana F. Brotto – CRP 106524/06 Formação: Thaiana Filla Brotto é psicóloga registrada no Conselho Regional de Psicologia sob o número 06/106524. Thaiana se formou em Psicologia pela PUC-PR em 2008, fez pós-graduação em Terapia Comportamental pela USP e é pós-graduanda em Neurociência pela PUC. Thaiana já escreveu mais de 400 artigos para o Blog Psicólogo e Terapia.